Quinta-feira, 11 de março de 2021
Querida Tata.
Já faz algum tempo que
não escrevo aqui, mas hoje foi um dos piores dias para mim. Hoje, na escola,
trabalhei muito, fiz vários exercícios. Isso é normal. Quem vai para a escola e
não quer trabalhar? Fico a pensar nisso todos os dias.
Hoje, na aula,
lembrei-me do meu primeiro amor. Eu estava no quarto ano quando comecei com
esse sentimento. Podia ser uma paixonite ligeira, uma paixão que quase todas as
crianças têm, mas porque é que eu ainda não o consegui esquecer? Porque é tão difícil
esquecer alguém?
Ontem, quarta-feira,
tentei declarar-me, mas não deu certo. Quando fui tentar falar com ele, eu
simplesmente não consegui falar, as palavras ficaram presas na garganta,
comecei a suar muito e estava a tremer. Serão
efeitos do amor? Porque isso tinha que acontecer logo no dia em que tomei
coragem para finalmente revelar os meus sentimentos? Tudo isso era por causa
dele, aquele menino sobre quem escrevo sempre aqui. Para uns isso é patético! Quem,
em pleno século vinte e um, desabafa em papéis, sendo que temos as notas do
telemóvel? Pois é, essa estranha sou eu, sempre gostei de escrever e isso é o
que me ajuda em momentos de crise.
Hoje, tentei novamente
declarar-me, mas aconteceu o mesmo, fiquei parada e não consegui dizer nada,
por isso saí de lá e fechei-me na casa de banho e comecei a chorar. Será sempre
assim? Tentarei declarar-me e sempre irei acabar a chorar na casa de banho? Parece
até aquelas cenas de filmes em que a protagonista está apaixonada! Devo pedir
ajuda? O pior de tudo é que, quando saí da casa de banho, ele estava lá, à
espera que eu saísse. Estaria eu a imaginar coisas? Não, eu não estava a
imaginar. Era ele mesmo. Deu-me um abraço e disse-me que estava tudo bem;
depois, saiu de lá. Quase morri de amores. Por momentos, fico-me a perguntar se
vale mesmo a pena amar alguém. Mas, depois do dia de hoje, consegui tirar uma
conclusão: vale mesmo a pena amar alguém. Depois de vários anos, finalmente
consigo a coragem que me faltava. Por mais que ainda não me tenha declarado a
100%, valeu a pena esse esforço. Consegui um abraço dele, do «quem nós
sabemos», como dizia o Harry Potter nos livros.
É bom estar
apaixonada!
Volto aqui quando
tiver mais notícias de nós os dois.
Maria Cordeiro
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