2016/10/18

FURNAS - NO CORAÇÃO DO VULCÃO

   As Furnas são uma das freguesias do concelho da Povoação, em São Miguel, e situam-se no interior da ilha, a este de Ponta Delgada, dentro da cratera de um vulcão, estando o nome Furnas relacionado com os fenómenos vulcânicos que aí podem ser observados.
   Da sua história, sabe-se que, em 1577, o capitão donatário Rui Gonçalves da Câmara mandou construir três caminhos de forma a comunicar com Ponta Garça, Povoação, Vila Franca do Campo e Maia.
   No entanto, só por volta de 1613 surgiram os primeiros habitantes. Foram eles os Jesuítas, sendo o seu refúgio nas bandas da Alegria, na pequena capela onde estava a imagem de Nossa Senhora da Alegria.
   Em 1630, houve uma grande erupção vulcânica, tendo os habitantes fugido. Depois da erupção, o mato cresceu com mais facilidade e força, ficando a terra mais fértil. Foi esta a maior erupção vulcânica após a colonização dos Açores: a nuvem formada tapou o sol durante três dias.

Atualmente, chamam-lhe a «sala de visitas dos Açores» e são muito conhecidas pelas suas águas termais e minerais cuja primeira fonte foi construída em 1615 e posteriormente destruída pela erupção vulcânica de 1630. Hoje em dia, podemos encontrar as fontes de águas termais e minerais próprias para consumo na zona das caldeiras, sentindo-se aí um cheiro intenso a enxofre. Também há muitos sítios com piscinas termais de águas aquecidas pelo calor do vulcão: Parque Terra Nostra, Poça da Beija, Poça da Tia Silvina, só utilizada para banhar os pés, e o Boutique Hotel, edifício que resultou da reconstrução das antigas termas. Pela quantidade e variedade das suas águas, especialistas consideram as Furnas a maior hidrópole do mundo. Para além da sua piscina de água férrea quente, o Parque Terra Nostra também é mundialmente conhecido pelo seu parque botânico, criado no século XVIII, sendo um ícone nos Açores.
   Outro dos atrativos desta freguesia é a gastronomia: o cozido nas caldeiras, o bolo lêvedo, a queijada de inhame, o milho cozido…
Ao longo dos tempos, foram surgindo lendas: a da Lagoa Seca, a da Lagoa das Furnas e a de Pêro Botelho.
   No vale das Furnas há alguns trilhos pedestres como o do Pico de Ferro, o da Lagoa das Furnas e vários miradouros, como o do Pico de Ferro, o da Lomba dos Milhos, o do Salto do Cavalo. Nas Furnas, existem muitas ruas com nomes importantes da sociedade local, como por exemplo, a Rua do Padre José Botelho, pároco na freguesia, e a Rua Marquês da Praia e Monforte, cofundador, protetor e Presidente da Sociedade Harmónica Furnense, uma das mais antigas e prestigiadas sociedades filarmónicas, fundada em 1864. O marquês fez também um grande donativo para a conclusão da construção da Igreja Paroquial.
   Um monumento muito apreciado é a ermida de Nossa Senhora das Vitórias, que foi mandada erguer junto às margens da lagoa por José do Canto pela ocorrência de doença grave da sua esposa. Em estilo neogótico, foi inaugurada no dia 15 de agosto 1886. A imagem do altar-mor (roubada) é feita de jaspe e os vitrais da capela evocam os passos da vida de Nossa Senhora desde o seu nascimento à sua assunção. Os corpos do casal estão sepultados dentro da capela.
   Em 1996, houve uma grande cheia nas Furnas, no local dos banhos novos onde atualmente se localiza o Boutique Hotel. Da estrada regional sul Furnas-Vila Franca, começaram a escorrer as águas para o vale, havendo inundação nas casas e nas estradas. As pessoas não podiam sair de casa pelo risco de serem arrastadas pela força das águas. Houve muitos estragos, feridos e desaparecimentos e grande descontentamento no Vale das Furnas.
   Por tudo isto e mais, as Furnas são um lugar a visitar, pois aqui se podem encontrar fenómenos que mais nenhuma freguesia tem.
  
Fontes:
Sr.ª Ana Isabel Costa Machado, 74 anos, Furnas


Este texto foi produzido por:

Matilde Pimentel Leite Nº 11, 8º 1
Pedro Martinho M. Costa Nº13, 8º 1
Vítor Alberto Machado Santos Nº20, 8º 1

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